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O que é envelhecimento saudável e a importância do profissional de saúde para a capacidade funcional da pessoa idosa

Conversamos com a Dra Jacira Serra para entendermos sobre como envelhecer com saúde, hoje, não significa viver sem condições clínicas crônicas, mas com autonomia, independência e qualidade de vida.

O conceito de envelhecimento, assim como projetos terapêuticos, políticas e estratégias de atenção dedicadas à população mais velha, mudou ao longo dos anos. A dinamicidade e a complexidade em torno desse processo é um consenso entre os profissionais da área. 


De acordo com a Dra Jacira Serra, geriatra e coordenadora do curso de medicina da Universidade Federal do Maranhão, é insuficiente entendermos o processo de envelhecimento apenas pela ótica do “tempo”. Além de ser somente um fator, entre vários outros relacionados ao avanço do ciclo da vida, a depender do país e do nível de desenvolvimento social e econômico de uma sociedade, a idade para uma pessoa ser considerada idosa pode variar.


"A dinâmica do envelhecimento envolve aspectos biológicos, psicológicos, sociais, políticos, culturais, econômicos e espirituais, ou seja, é um processo multidimensional. Portanto, não pode ser visto apenas pela questão cronológica, pois ela é estabelecida independentemente da estrutura biológica e do grau de maturidade dos indivíduos; existe por exigências das leis que determinam direitos e deveres do cidadão, para fins de censo demográfico e pelas políticas sociais que focalizam o envelhecimento”, elucidou a profissional. 


Além de questões genéticas e hereditárias, os fatores elencados acima ajudam a explicar como  o envelhecimento é uma experiência única e individual para cada pessoa. Por isso, é possível envelhecer em níveis diferentes de bem-estar e qualidade de vida. É comum, por exemplo, haver pessoas com mais de 60 anos independentes, embora apresentem condições clínicas crônicas.


COMO ENVELHECER COM SAÚDE


A Dra. Jacira Serra explica que existem diversas terminologias para denominar o processo de envelhecer com saúde, ou seja, quando a pessoa idosa continua a exercer as suas capacidades físicas funcionais de forma autônoma, sendo elas: envelhecimento saudável, ativo e bem-sucedido. Essas nomenclaturas, afirma a especialista, são usadas de maneira indiscriminada para explicar o processo de envelhecer com saúde e surgiram em diferentes épocas, conforme as pesquisas e os estudos sobre a população idosa foram avançando. O mais recente, envelhecimento bem-sucedido, adota uma visão mais integrativa acerca da população com mais de 60 anos. Nessa concepção, o envelhecimento é discutido sob a perspectiva biomédica e a psicossocial e inclui três elementos: (1) probabilidade baixa de doenças e de incapacidades relacionadas às patologias identificadas; (2) alta capacidade funcional, cognitiva e física; (3) engajamento ativo com a vida, com potencial para a realizar atividades sociais, envolvendo as relações interpessoais e as atividades produtivas, remuneradas ou não. 

“Assim, o envelhecimento, do ponto de vista da saúde, fundamenta-se no conceito de saúde, enquanto bem-estar biopsicossocial, em que o processo de envelhecimento é encarado com interações múltiplas entre funções do corpo e as estruturas em que decorre a vida, as atividades, a participação e as condições de saúde, isto é, componentes ambientais e componentes pessoais. Portanto, envelhecer com saúde não significa envelhecer sem doença, mas envelhecer com autonomia, independência e qualidade de vida”, explicou.


POPULAÇÃO IDOSA COM DEFICIÊNCIA


O envelhecimento é uma realidade também vivenciada por pessoas que já nasceram com algum tipo de deficiência ou que as adquiriram ao longo do tempo. Segundo dados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS), dos 17,3 milhões de Pessoas com Deficiência no país em 2019, quase metade (49,4%) era idosa. De acordo com a Dra. Jacira Serra, esse cenário exige ações urgentes e estratégias apropriadas para atender a essa parcela da sociedade.


“Com o crescente envelhecimento da população, o principal grupo de deficientes concentra-se entre as pessoas idosas. Esse cenário demanda maiores exigências econômicas e sociais e necessitam de políticas e programas adequados para que a seguridade social possa continuar atendendo as necessidades das pessoas com mais de 60 anos e das que sofrem de algum tipo de dependência. Os países e, principalmente, os em vias de desenvolvimento, precisam prioritariamente implantar e implementar políticas e programas com medidas de promoção de saúde e prevenção de doenças, para que as pessoas em fase de envelhecimento e as que envelhecem com alguma deficiência o façam de forma saudável, ativa e participativa”, advertiu. 


Além disso, a Dra Jacira ressalta também que a assistência à população idosa é um trabalho conjunto que deve integrar  diversos setores e grupos sociais.  

“Para promover a qualidade de vida e aumentar o bem-estar dos mais velhos, é necessário envolver todos – gestores, sociedade civil organizada, entidades educacionais, mídia, sociedade em geral, família, idosos - levando às pessoas a refletir nas consequências das suas ações, para si próprios e para o mundo que os rodeia. Precisamos caminhar para modos de vida mais integradores e inclusivos, capazes de favorecer o potencial do desenvolvimento humano”, concluiu.

 

Texto: Núcleo de Comunicação e Design da UNA-SUS/UFMA

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Data de Publicação: 27/09/2021